sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Treino - dia 3


... sem perder o fio da meada!

Nesta quinta compreendi o sentido de continuidade. Não importa o que acontecer, é preciso dar continuidade ao que se pretende fazer. Embora esta semana tenha representado o verdadeiro sentido do caos para mim, consegui ir ao treino. Um pouco cansadinha, com certeza, com minha filhinha à tira-colo dessa vez, mas firme.

Acho que Safira também não estava em seus melhores dias não, deve ter brigado com o namorado ou algo assim, pois estava visivelmente desinteressada no processo. Normal, todos temos nossos dias...

A continuidade permite que todo o ganho da semana anterior não tenha sido em vão. Um pouquinho de cada vez vou crescendo em meu condicionamento, equilíbrio e conhecimento, construindo uma estrada onde o céu é o limite!


terça-feira, 26 de agosto de 2008

Um dia de cada vez


A vida é algo que não segue nossos planos na maioria das vezes. Claro que seguimos sempre em uma direção: a almejada, mas o percurso nunca conhecemos de antemão.

Vale o exemplo dos grandes atletas que foram para as olimpíadas e saíram decepcionados após anos de dedicação, assim como podemos citar o contrário também, alguns não tinham certeza de que iriam chegar onde chegaram e trouxeram o ouro para seus países.

Eu sigo caminhando um dia de cada vez. Com quatro crianças em casa é difícil prever o que o dia nos reserva, mas sempre vejo que, com um certo malabarismo, dá pra atingir metas sim, desde que traçadas de uma forma possível.

Estou na academia, entrando na terceira semana. Parece pouco, mas já fico feliz por mim mesma pois, ainda que conseguir estar lá às 7:20h da manhã diariamente (exceto no dia do treino) seja realmente uma tarefa que exige organização e, em alguns momentos, correria, quando estou lá e quando volto sinto um imenso prazer por ter conseguido hoje.
E é assim que os mais sábios ensinaram, viver o hoje feliz, pois o amanhã ninguém sabe e cada passo em direção do amanhã só pode ser dado no presente.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008


Recebi este email de meu primo e achei interessante comentar: "Legal Sol, acabei de ler o seu blog. Parabéns mais uma vez. A foto do exercicio de girar o braço em cima da cabeça ficou ótima, ja deu pra ver q deve estar com um equilíbrio ótimo pra fazer isso. Vc sempre treina com esse mesmo cavalo, o branco? Vc sempre vai sem prótese? Fiquei pensando nisso outro dia e achei que montar sem prótese é provavelmente mais confortável pra vc, né? Além do mais, acho que o que realmente a mantém presa no cavalo é a pressão das coxas no cavalo... Eu o Júlio estavamos debatendo isso outro dia... conte mais... Eu nao contei, mas quando eu fui pra Portugal no ano passado com minha namorada, a gente viajou até Ponte de Lima que fica bem ao Norte de Portugal lotado de montanhas. Um dos melhores dias das nossa férias foi quando fomos pra essas montanhas para um passeio à cavalo. Foi um verdadeiro espetáculo! Um beijo".


Fiquei muito feliz por seu interesse e curiosidade, ainda mais sabendo que gostou da experiência de montar. Decidi postar aqui para elucidar um pouco mais tudo o que vem acontecendo, espero que não se importe!

Sobre o equilíbrio, como ando de próteses, que são praticamente "pernas de pau", meu equilíbrio já era bom, claro que no cavalo é diferente pois exige muito mais com força também.

Coronel Marcon uma vez me disse: "um bom cavaleiro ou amazona tem que ter pernas de aço, cintura de borracha e mãos de seda". É um pouco enganoso pensar que o equilíbrio se encontra nas pernas, quando na verdade é o eixo do corpo. As pernas servem somente para manter o corpo alinhado, a pressão é constante, mas suave, senão prende a coluna, portanto, o movimento todo. Coronel Wickert me disse na aula anterior que somente quando nos tornamos como minotauros, estaremos prontos, ou seja, como se meu corpo fizesse parte do corpo do cavalo, naturalmente. A cada dia aprendo mais sobre este equilíbrio delicado que envolve também comando, postura e controle do corpo e mente, pois o cavalo além de sentir cada pressão e movimento de meu corpo, também as compreende como sinais, assim como os pensamentos que tenho. Muitas vezes somente pensamos no que queremos e o cavalo reage!

Sobre montar sem as próteses, foi uma opção minha desde o início. As próteses não são firmes em minhas pernas, portanto, quando monto elas não acompanham a curvatura da barriga do cavalo, fazendo com que eu fique muito concentrada em mantê-las presas em minhas pernas. Como o lugar onde prendo os pés é solto, também ajuda a soltar as próteses de minhas pernas, ao invés de oferecer firmeza, vira uma luta de equilíbrio que some quando tiro as próteses. Para minha sorte não faz falta nesta modalidade, pois não chegarei a saltar e, como fui classificada como nível IV, mesmo sem os pés, posso competir em igualdade tanto em provas equestres como para equestres.

Claro que no local onde treino tenho toda a estrutura para montar o cavalo sem precisar que alguém me coloque lá, o que ajuda muito!

Sobre o cavalo, que na realidade é a égua Safira, sim, sempre monto ela desde que iniciei oficialmente meus treinos em caráter competitivo. Ela é uma égua branca linda, puro-sangue lusitano (ou andaluz), raça indicada para o adestramento por suas múltiplas qualidades. Ela já é treinada, o que ajuda muito, além disso é muito inteligente e uma delícia de montar. Estamos nos dando muito bem, mas nem sempre vou poder montá-la, principalmente em competições, pois é caríssimo o transporte de cavalos, o que prejudica muito os competidores, ainda mais no meu caso que monto sem as ajudas de perna.

Espero que tenha compreendido melhor, que continue acompanhando e que as informações tenham ajudado outros a compreenderem melhor esta modalidade e casos como o meu.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Treino - dia 2





O treino desta quinta foi muito especial. Apesar do intervalo inesperado da semana passada (não fui), que atrapalhou sim um pouco do rendimento do treino, não impediu que conseguíssemos recuperar o tempo perdido, avançando no desenvolvimento do conjunto Sol&Safira.
Coronel Wickert, como sempre, impecável em suas orientações e olho clínico, me pôs para fazer alongamento montada em Safira. Uma delícia! Primeiramente parada, depois em movimento, o que é mais um instrumento de desenvolvimento de equilíbrio. O mais difícil é, em movimento circular (ao passo e ao trote) girar o braço no alto da cabeça e até as costas acompanhando com a cabeça.
Pude desenvolver meu trote e equilíbrio e, pela primeira vez, saí do picadeiro com Safira para uma seção de fotos. Ficamos inseguros pois Safira é muito atenta a tudo o que se passa e reage muito facilmente. Eu não ia cair, mas por via das dúvidas... fiquei bem atenta!
Treinamos pela primeira vez duas vezes em um dia, com a intenção de potencializar meu tempo em Brasília. Foi muito bom e vi que em pouco tempo estarei acostumada com este período e, quem sabe, estar indo também mais de uma vez.
Ana Maria tem sido também uma companheira essencial no nosso treino pois seu olhar atento soma no trabalho do Coronel, sem falar em sua simpatia especial. Obrigada Ana Maria!
Um dos pontos que acabamos observando desta vez como prejudicial em meus treinos é a roupa (não estou indo com a roupa ideal): a roupa de treino tem que ser essencialmente confortável. Calça justa mas não apertada, de um tecido que ofereça uma certa aderência, para não deslizarmos do cavalo. A blusa deve ser confortável e de um comprimento que permita que seja presa dentro da calça, evitando que o movimento do cavalo faça com que a blusa suba e incomode. Capacete também é essencial, firme sem ser apertado acho o ideal.
Desta vez meu pai foi acompanhar um pouco do treino, fiquei muito feliz por sua presença ali. Daqui a pouco vão conhecer toda a minha família!



terça-feira, 19 de agosto de 2008

O Adestramento


Pesquisando na internet por informações sobre o adestramento encontrei este texto no site da Sociedade Hípica de Brasília, vejam que belo:
"O Adestramento é, ao mesmo tempo, um esporte, uma arte e uma ciência. É
esporte porque tem regras fixas, exige preparo físico e pressupõe a competição;
é arte porque impõe sentimento e sensibilidade para conduzir a energia,
interpretar as reações e associar-se à beleza e à leveza dos movimentos do
cavalo, muito maior e mais forte que o artista; é ciência porque exige
conhecimento da mecânica dos movimentos para orientá-los na direção do
objetivo almejado, com o mínimo de perda de energia".

Reflexões importantes




Correndo o risco de ser superficial em minhas observações (pois não consegui muitas informações a respeito), gostaria de discursar sobre o esporte e o mundo.


Quando digo o mundo, me refiro aos atletas e para-atletas de todo o mundo e seus diferentes contextos. O Brasil é uma potência olímpica, sabe-se muito bem disso, mas para que um(a) atleta possa, de fato, chegar a um nível mundial, precisa de muita, muita dedicação. Tem muita gente disposta a se dedicar por inteiro ao esporte, por vocação e paixão, mas poucos têm condições financeiras para isso ou conseguem o apoio necessário para isso.


Diante dessa realidade, o Brasil, que poderia ter muito mais apoio e visibilidade através do esporte, como já tem por meio do turismo e suas belezas, fica sempre a desejar em termos de competitividade geral (pois não dá pra desmerecer tudo o que muitos de nossos maravilhosos atletas fizeram e ainda fazem).


A grande maioria dos atletas tem de enfrentar muitas dificuldades para, então, conseguirem o merecido apoio para que se dediquem ao esporte.


Fico um pouco triste com isso por ver que o Brasil perde muito com esta realidade, enquanto os políticos (como todos tristemente sabemos) ganham muito mais do que precisariam para viver e deixam faltar na saúde, educação, esporte e cultura, o que fortaleceria de fato o país, melhorando-o não só para quem precisa disso mas também para quem mora no Brasil, ou seja, todos nós sem distinção.


sexta-feira, 15 de agosto de 2008

O sucesso encontra os que perseveram


Sempre gostei de ouvir histórias de pessoas que conseguiram fazer com que seus sonhos se realizassem e praticamente nenhuma disse: "ah, foi super simples, foi só começar e continuar com tranquilidade e cheguei até aqui". Quem dera!
O que se ouve é: ..."poucos sabem o que passei para chegar até aqui, muita gente não acreditou em mim, no início não tinha dinheiro nem para as coisas básicas, mas acreditei em mim e com perseverança cheguei até aqui".
Estou sentindo isso na pele. Cada um vai ter que superar o seu obstáculo, pois cada história é uma história. O meu obstáculo no momento se chama transporte. Treinar longe para mim significa: enfrentar a dor de usar as próteses (pois na maioria do tempo minhas pernas estão feridas), passar grande parte do tempo no trajeto, me organizar para que minhas filhas fiquem bem onde moro (o que significa pagar alguém e confiar nesta pessoa), cuidar para que meu marido fique amparado também, conseguir alguém que me transporte com carinho para o local do treino, treinar (o que é tão delicioso quanto cansativo, pois é esforço físico), deixar organizado para que eu tenha onde almoçar ou ter sempre dinheiro para isso, ter onde descansar pelo menos um pouco pois não posso ficar muito tempo com as próteses nas pernas, ter como voltar, ter dinheiro para custear isso.
Mas como toda história de superação, estou muito disposta a enfrentar todos estes obstáculos, de cabeça erguida e com fé, como um rio que continua seu curso diante dos obstáculos.
O transporte tem sido a maior dificuldade até agora pois ainda não consegui algo fixo e confiável. Por exemplo, ontem não pude treinar por falta de ônibus, acreditem, o ônibus não veio, é mole??? Tudo combinadinho, tinha carona de volta (o que é maravilhoso pois de ônibus fico 3 horas e meia no trajeto), todo mundo me esperando na Ande, esquema aqui em casa, e a porcaria da empresa de ônibus falha, simplesmente falha.
Fiquei muito arrasada, pois espero ansiosamente por este dia, leio, estudo, me organizo. Caí de cama com febre, não sei se por isso ou se por um monte de outras coisas, ou tudo junto. Nem consegui escrever ontem.
Bem, cá estou e já consegui falar com políticos daqui para me darem apoio da Prefeitura para transporte e, se Deus quiser, vai dar certo!

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Refinando a Percepção

Como a grande maioria das pessoas, eu também via o cavalo como um animal, muito bonito sim, mas que deveria responder aos comandos que eu fizesse em cima dele. Caso não repondesse, era só dar umas chicotadas, apertadas e puxões mostrando "quem manda".
Hoje já me envergonho, e muito, desse ponto de vista totalmente sem conhecimento ou sensibilidade. Sempre amei animais, sempre fui sensível a eles, mas isso não me impediu de tomar uma postura de superioridade ao me relacionar com cavalos.
Ganhei, do querido Coronel Marcon (ANDE Brasil), o livro "Adestramento para o Jovem Cavaleiro", e penetrei totalmente na verdadeira percepção de como deve ser a relação ser humano/ser cavalo. Principais coisas que aprendi:
  • Pude compreender a fisiologia do cavalo, como o cavalo sente nosso peso em relação à sua coluna vertebral e equilíbrio do corpo, como ele reage às pequenas alterações de peso e equilíbrio e como ele faz para se adequar com uma pessoa em cima de um dos pontos mais sensíveis em todos, a coluna;
  • Comprendi também como o cavalo sente a rédea que está presa em sua boca, composta de milhares de terminações nervosas, sensível a qualquer movimento;
  • Normalmente um cavalo "desobediente" é fruto de um mau cavaleiro que não oferece as ajudas (comandos) corretamente (o cavalo fica confuso, oras!) e nem sabe nada sobre como o cavalo sente a pessoa em cima dele ou as ferramentas que usamos para comandá-los;
  • Comecei a achar quase todo mundo que monta um cruel (inclusive eu...) e ver o quanto o cavalo é inteligente e bom, pois deixa um ser muito mais leve e fraco que ele comandá-lo! É um companheiro nosso, isso sim!
  • Aprendi a correta maneira de montar e equilibrar o meu peso também, favorecendo o cavalo em minha condução;
  • E continuo lendo...
A relação com o cavalo é uma amizade que se constrói a longo tempo. Um dos vídeos mais lindos que já vi elucidando isso pode ser encontrado no link: http://www.youtube.com/watch?v=T-CLsXPeOKc, observem como ela conversa com seu grande amigo, pedindo gentilmente que ele execute movimentos, fazendo parte dele como um minotauro (lembra Coronel Wickert?!). Emocionante demais!!!

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Vale muito a pena ver


Fuçadeira de internet como sou, desde que começei a entrar nesse universo lindo que é o hipismo, começei a achar um monte de coisas.

Os vídeos do YouTube são as mais interessantes, principalmente para iniciantes completos como eu. O adestramento, ou Dressage, tem duas modalidades, o clássico e o livre (freestyle dressage), sendo este último uma verdadeira dança com o cavalo que, com isso, prova inequivocamente que é mais inteligente que muita gente por aí!

Vale a pena ver a atuação, na modalidade Freestyle, da atleta campeã da Alemanha Ulla Salzgeber e seu cavalo Rusty, dançando belamente juntos. Clique aqui e babe!

Me tornando uma atleta com bom condicionamento, ufa!


Ontem começei algo que considerava quase impossível: entrei para uma academia.
Como agora a idéia é ser atleta mesmo, tenho que fazer mais por isso e estar com um bom condicionamento físico é essencial, ou não é? Só não vale exagerar como certas pessoas. Clique aqui e abafe o caso...
Vou 7:20h da manhã, ao levar minha filha número 3, Iara Vida, para a escolinha, que fica na mesma rua da academia.
No primeiro fiquei meio sem saber como fazer, pois tive que tirar minhas próteses e sair de joelhos entre espelhos, pessoas e vidros por todo o lado. A sorte é que muita gente me conhece na cidade e meu professor tem uma postura profissional muito legal. Correu tudo bem e hoje já me senti mais à vontade, apesar das partes doloridas do corpo, ái!

segunda-feira, 11 de agosto de 2008


Quinta-feira, 7 de Agosto de 2008

iniciei oficialmente minhas atividades como atleta, montando na égua treinada que providenciaram especialmente para meus treinamentos, a linda Safira. Estou sendo orientada pelo grande professor de equitação e adestramento Hugo Wickert, o cara sabe muito!!!

Tive a grande alegria de ter meu querido avô Vilela e meu não menos querido irmão Arthur comigo, acompanhando tudo com alegria.
Meu avô, carismático e comunicativo como é, soltou (para meu total espanto) que foi o fundador de uma das Hípicas de Belo Horizonte! Que coisa incrível, tá no sangue! Aposto que muita gente que conhece ele não sabia disso. Disse que na época comprou, de seu bolso 70 cavalos e foi tido como revolucionário, como iriam arranjar tantos alunos assim? Pois conseguiram e a hípica foi um sucesso.
Foi muito bom fazer o acompanhamento de guia, que é a melhor maneira de se aprender corretamente a montar. Foram 2 horas de treinamento e nem vi o tempo passar entre volteios e trotes macios da Safira. No final, uns pedacinhos merecidos de rapadura para ela, claro.
Devo postar aqui meus sinceros agradecimentos à Ande, por tudo o que tem feito por mim, por todo o apoio e por acreditar em meu potencial, fazendo de tudo para que eu consiga seguir adiante. Vocês são incríveis!

E foi assim que tudo começou...




Para quem não me conhece, moro em Pirenópolis, Goiás, uma cidadezinha histórica linda em meio a serras e cachoeiras. Sou casada com George e tenho quatro filhas lindas.
Enquanto morei em Brasília descobri que morava perto da Associação Nacional de Equoterapia(terapia comcavalos reconhecida mundialmente), a ANDE Brasil. Achei muito bom e, como estava com dores lombares muito fortes, pensei que seria uma boa para fortalecer meus músculos e ter contato com cavalos, que sempre amei.Desde então meu destino mudou e senti Deus abrindo todas as portas para chegar onde estou: atleta equestre. Consegui uma vaga milagrosamente e logo comecei a fazer as sessões. Meu orientador, o querido Vinícius, observou que eu montava de um jeito especial, ou seja, que eu levo jeito para a coisa. Sempre amei montar!
Diante disso começamos a conversar sobre esportes Para Equestres e sobre o que eu achava da possibilidade de ir evoluindo para, quem sabe, me tornar uma atleta e competir.
Eu, toda empolgada, ameeei a idéia, claaaro!!!! Mas ainda era só uma idéia.

Já em minha terceira aula o Vinícius trouxe o Coronel Marcon (a ANDE é uma entidade do exército)para me observar montando e não me deu muitos detalhes. O Coronel me observou por um tempo, me orientou em alguns movimentos em volta do picadeiro onde monto e eu simplesmente obedeci, sem saber muito bem do que se tratava. Ele então se despediu e saiu com o Vinícius enquanto eu descia do cavalo com auxílio do acompanhante das aulas.
Logo volta o Vinícius, animado como é, dizendo que o Coronel Marcon, experiente adestrador e professor de equitação, estava me avaliando e disse que eu tenho muito potencial e que, se eu estivesse interessada, iriam dar continuidade para que me tornasse uma atleta de verdade. Além disso, me disse também que a Ande, embora seja uma instituição reconhecida internacionalmente e a única formadora de ecoterapeutas do país, não tem nenhum atleta que represente a instituição e que já estavam pensando em eu ser esta pessoa.

Imaginem, 32 anos, quatro filhas, um monte de dificuldades na vida e uma oportunidade dessas cai do céu?! Fiquei reluzente, parecia um presente de Deus, só isso e senti que deveria continuar seguindo o fluxo, até onde Deus quiser continuar levando.

De lá pra cá tive mais aulas, me encaminharam para um grande professor de adestramento (modalidade equestre que estou treinando), o coronel Wickert que já, inclusive, cedeu sua égua linda branca de crina longa, a Safira, já adestrada, para que eu possa treinar.


Também aconteceu um outro brinde de Deus: a última aula à qual compareci "coincidiu", exatamente, com o Campeonato Brasileiro deAdestramento Para Equestre, ou seja, a seleção final das olimpíadas dePequim! Estive lá (foi na Hípica de Brasília), conheci um monte de gente incrível e, como se não bastasse, estava presente a única pessoa do Brasil e da América Latina que faz a classificação da modalidade na qual a pessoa portadora de deficiência será inserida. Fui apresentada à Gabriele, uma alemã forte, e a empatia foi instantânea. Acreditam que ela saiu da competição para me avaliar? Foi muito engraçada a avaliação, ela media minha força muscular, equilíbrio, dificuldades e, por fim perguntou: não existe um grau acima do normal não? Morri de rir porque sempre soube que tinha um bom equilíbrio, treinado em anos de próteses e atividades radicais, que também fortaleceram meus músculos, mas foi muito engraçado ela falar aquilo. Me disse: "Sabe quando você vai cair do cavalo? Nunca!Só se o cavalo cair com você." Esta avaliação, para que compreendam o que isso significa, é imprescindível para que eu participe de qualquer competição nacional ou internacional, sem passar por Gabriele (que mora no interior de SãoPaulo e anda por todo o mundo), ninguém pode competir! Eu já posso tirar minha carteirinha e competir. Assim que for possível, claro. Fui classificada como Grau IV, o último grau, ou seja, o mais difícil. Como grau IV posso também competir em competições de pessoas sem deficiência alguma em igualdade em um esporte onde homens e mulheres
competem em igualdade e não há um limite de idade definido para parar.


Agora estou morando em Pirenópolis, como disse, e estarei indo 1x porsemana para Brasília para treinamentos, iniciando um longo caminho que ainda não sei onde vai dar, mas que estou adorando. Estou conseguindo alguns apoios como traslados de carro ida e volta para a Ande (carona com amigos que já vão), diminuindo a dificuldade e tempo de ir de ônibus e tenho esperanças de que Deus continuará abrindo as portas desse lindo esporte do qual faço parte agora. Isso tudo também me ajudou a emagrecer e cuidar melhor de meu corpo, pois trouxe motivação.