Recebi este email de meu primo e achei interessante comentar: "Legal Sol, acabei de ler o seu blog. Parabéns mais uma vez. A foto do exercicio de girar o braço em cima da cabeça ficou ótima, ja deu pra ver q deve estar com um equilíbrio ótimo pra fazer isso. Vc sempre treina com esse mesmo cavalo, o branco? Vc sempre vai sem prótese? Fiquei pensando nisso outro dia e achei que montar sem prótese é provavelmente mais confortável pra vc, né? Além do mais, acho que o que realmente a mantém presa no cavalo é a pressão das coxas no cavalo... Eu o Júlio estavamos debatendo isso outro dia... conte mais... Eu nao contei, mas quando eu fui pra Portugal no ano passado com minha namorada, a gente viajou até Ponte de Lima que fica bem ao Norte de Portugal lotado de montanhas. Um dos melhores dias das nossa férias foi quando fomos pra essas montanhas para um passeio à cavalo. Foi um verdadeiro espetáculo! Um beijo".
Fiquei muito feliz por seu interesse e curiosidade, ainda mais sabendo que gostou da experiência de montar. Decidi postar aqui para elucidar um pouco mais tudo o que vem acontecendo, espero que não se importe!
Sobre o equilíbrio, como ando de próteses, que são praticamente "pernas de pau", meu equilíbrio já era bom, claro que no cavalo é diferente pois exige muito mais com força também.
Coronel Marcon uma vez me disse: "um bom cavaleiro ou amazona tem que ter pernas de aço, cintura de borracha e mãos de seda". É um pouco enganoso pensar que o equilíbrio se encontra nas pernas, quando na verdade é o eixo do corpo. As pernas servem somente para manter o corpo alinhado, a pressão é constante, mas suave, senão prende a coluna, portanto, o movimento todo. Coronel Wickert me disse na aula anterior que somente quando nos tornamos como minotauros, estaremos prontos, ou seja, como se meu corpo fizesse parte do corpo do cavalo, naturalmente. A cada dia aprendo mais sobre este equilíbrio delicado que envolve também comando, postura e controle do corpo e mente, pois o cavalo além de sentir cada pressão e movimento de meu corpo, também as compreende como sinais, assim como os pensamentos que tenho. Muitas vezes somente pensamos no que queremos e o cavalo reage!
Sobre montar sem as próteses, foi uma opção minha desde o início. As próteses não são firmes em minhas pernas, portanto, quando monto elas não acompanham a curvatura da barriga do cavalo, fazendo com que eu fique muito concentrada em mantê-las presas em minhas pernas. Como o lugar onde prendo os pés é solto, também ajuda a soltar as próteses de minhas pernas, ao invés de oferecer firmeza, vira uma luta de equilíbrio que some quando tiro as próteses. Para minha sorte não faz falta nesta modalidade, pois não chegarei a saltar e, como fui classificada como nível IV, mesmo sem os pés, posso competir em igualdade tanto em provas equestres como para equestres.
Claro que no local onde treino tenho toda a estrutura para montar o cavalo sem precisar que alguém me coloque lá, o que ajuda muito!
Sobre o cavalo, que na realidade é a égua Safira, sim, sempre monto ela desde que iniciei oficialmente meus treinos em caráter competitivo. Ela é uma égua branca linda, puro-sangue lusitano (ou andaluz), raça indicada para o adestramento por suas múltiplas qualidades. Ela já é treinada, o que ajuda muito, além disso é muito inteligente e uma delícia de montar. Estamos nos dando muito bem, mas nem sempre vou poder montá-la, principalmente em competições, pois é caríssimo o transporte de cavalos, o que prejudica muito os competidores, ainda mais no meu caso que monto sem as ajudas de perna.
Espero que tenha compreendido melhor, que continue acompanhando e que as informações tenham ajudado outros a compreenderem melhor esta modalidade e casos como o meu.